8 de novembro de 2018

Anteontem fui a um concerto de música de câmara na ESMAE. Tocava o Primrose Quartet, dizia o programa. E dizia mais coisas. Diziam quem eram e o que tocavam, de onde vinham, como vinham, por onde andaram, porquê, quanto, quando. Tocariam Mozart, Françaix e Brahms. Estes não mereciam descritivos. Supõe-se que se autojustificam com as suas composições. Quanto aos executantes, supõe-se que não sabem ainda justificar o que fazem com o que fazem e que, portanto, careçam de muita biografia anexada. Não sei quem percorreu uma maior distância para chegar àquele tempo e lugar, se Mozart se os Primrose. Mas naquele momento no espaço ou aquele sítio no tempo, onde o Mozart é e os Primrose são, são uma unidade. É que as notas programadas não estão programadas, mesmo as que estão programadas. Aquelas notas vinham de longe, tão longe quanto a metafísica me permitir pensá-las.