30 de março de 2021

Acordei novamente espancado pelas obras da casa do lado. Venho do sono dorido dos martelos e das vozes fundas e inchadas dos homens. Vou tentando novos sonos na paz que encontro entre as pulsões brutais. Vou e venho. Vou e venho. O meu peito bate a contratempo.

12.30h. estou desfeito num cansaço atroz. Pensar é sucederem-se imagens arrastadas — como se faltassem frames à fluidez do real.

A S. chegará em breve para almoçar. Antecipo-a nas palavras: quero-lhe falar no livro do Foucault e no Caminho de Santiago (nas bucólicas tentações que passaram ontem na televisão). Estas são duas pedras que calco com a cabeça — tirá-las-ei do chapéu como quem as tira do sapato.