8 de novembro de 2024

As leis obscurecem o pensamento, lembram as horas contidas em ostensórios imaginosos — a liminaridade oposta à mesma liminaridade — a espera que se detém na espera de outra espera, porém distintamente opaca, o bastante para que o mundo se refaça em nós e a longevidade se torne branca como pó das estrelas.
«Lamento tão pouco livro para tanto tempo» — li assim a dedicatória mais ou menos ilegível de uma coletânea do Eugénio de Andrade oferecida a Herberto Helder, em depósito na Biblioteca Palácio de Galveias. Os manuscritos têm essa qualidade enfabuladora do mistério, como se uns quantos caracteres crípticos contivessem a largura do universo. A incorreção da leitura, porém, não lhes retira beleza.

4 de novembro de 2024

Foram imagens que são imagens e que agora doem por não serem as mesmas, se assim posso veicular o suposto sentido da tragédia. E quem chora? Quem ri? Quem concatena vestígios na passagem do tempo?