Há autores com quem consigo manter uma relação saudável de escritor-leitor, tu cá tu lá. Não lhes ambiciono a escrita. Poderão inspirar-me e profundamente, sim, e algumas ideias e frases são como um belíssimo soco nos meus ciúmes literários. Mas não me aterrorizam. Há outros, porém, que persigo desalmadamente como uma sombra aspirando ao síncrono movimento de nós. Esses queria pensar escrever na cabeça deles (a tal "escrita-leitura" em que tão rendido estou, tão apaixonado, tão alucinado, que a minha leitura parece a escrita do meu impossível).
7 de julho de 2021
11 de maio de 2021
14 de abril de 2021
Ler para limpar, neutralizar, o palato. Desabituar-nos a nós, à nossa intimidade, à nossa relação com o espaço e o tempo, com os ritmos desajeitados a que nos tornámos surdos. Há gralhas, mais que formais ou materiais, que são orgânicas e é preciso ler outros autores para não os deixar deixar morrer na sombra da nossa maior insensibilidade.
30 de março de 2021
Acordei novamente espancado pelas obras da casa do lado. Venho do sono dorido dos martelos e das vozes fundas e inchadas dos homens. Vou tentando novos sonos na paz que encontro entre as pulsões brutais. Vou e venho. Vou e venho. O meu peito bate a contratempo.
12.30h. estou desfeito num cansaço atroz. Pensar é sucederem-se imagens arrastadas — como se faltassem frames à fluidez do real.
A S. chegará em breve para almoçar. Antecipo-a nas palavras: quero-lhe falar no livro do Foucault e no Caminho de Santiago (nas bucólicas tentações que passaram ontem na televisão). Estas são duas pedras que calco com a cabeça — tirá-las-ei do chapéu como quem as tira do sapato.
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