R. Barthes, a propósito do seu teatro contemporâneo sumariza que o estilo é uma técnica de evasão. E é quase inevitável a pouco obrigatória analogia com a própria humanidade (com o ser humano, especificamente), que é feita de corpo e de espírito. O corpo pode ser fachada, mas nunca humilde ou honesto quando nele não transpira a verdade do que contém. Tenho assistido com cada vez mais clareza a facilidade (e a imperatividade) com que alguém pode migrar de um corpo para outro. Claro, os mais cuidadosos tecem esmeradas justificações ao abandono da antiga carcaça, ou para se eximirem de culpas e abrir espaço ao recálculo da sua situação. Se se pode pensar num modo não-sistémico, a validação dos outros acaba por ser secundária face ao desejo de harmonia interior-exterior, a uma paz consigo mesmo.