8 de setembro de 2018

Trabalho num conto a que se vão juntar outros ainda vagos. Estou incerto de que nome lhe poderei atribuir, e muito mais do desenvolvimento de que possa precisar. Dei-lhe a forma de um diário não datado — curtos lapsos de registo, aleatórios. Trata-se de um homem a quem obrigam confrontar a sua vida, toda ela escrita. O tempo, inexistente, não é impedimento à tarefa, embora o possa ser à sua higiene existencial. Estão dois procuradores do outro lado da secretária que conduzem o processo. Este é, na verdade, de uma instrução simples: o homem deve assinar o termo de responsabilidade depois de lida e discutida a sua vida. Não há prazo para o fazer. Não há certezas do que possa suceder. Há uma porta por onde se poderá sair. Viajar pelo escritório alterará perspectivas. Talvez o homem nunca saia, nunca assine. Pelo menos, durante o tempo da narrativa. Depois dela, a eternidade é só sua.