30 de setembro de 2018

Vou a três quartos do Jerusalém do Gonçalo M. Tavares. O primeiro livro que deste autor leio. Tem sido de uma prosa comedida, controlada, cinzentamente poético, nunca se distanciando da própria origem do pensamento. A sua preocupação primeira é a consolidação arquitectónica do mundo interior da narrativa e das personagens. A sucessão dos factos, (quase) arbitrariamente colocados em não linearidade temporal, vai readquirindo a força própria que há depois de cada destruição: a da reconstrução. Preciso de uma leitura completa para entender a total essência da sua motriz criativa. É um livro que vai exibindo, quietamente, o fulgor fantasma de um edifício robusto, na distância, em construção. Por isso aguardarei pelo final. Desta obra mais nada direi porque eu, pelo contrário, não possuo o talento da culminação. Não saberia resolver a minha opinião. Uma opinião ao nível desses píncaros. Sinto-me um conjunto disperso de finais sobrepostos, cá mais em baixo.