Tenho vindo à biblioteca Almeida Garrett para ler, escrever, estar. Trata-se de uma biblioteca de um soalho levíssimo, rangente por debaixo dos passos, quase de anti-biblioteca. Caminhando, obriga, invoca, estimula em mim a autoconsciência de mim. Merda. Creio violentamente que os outros usuários ficam corrompidos pela minha passagem, por dentro do seu espaço interior de estudo.
Cada passo dói mais alto do que é.
Leio o livro do Vergílio Ferreira. E penso em como ele nunca seria capaz de vencer qualquer prémio internacional de prestígio. Talvez nem faça sentido ser lido fora dos países de língua portuguesa. O Vergílio só é total dentro dela. As línguas exigem traduções destotalizantes. A obra de Vergílio vive da sua inteireza, daquela que existe desde lá e ainda lá no cárcere puro da criação. E ainda bem.